O preço da vitória
Por Beato Anacleto González Flores
Publicado no Tomado de Glaudim
Os primeiros cristãos puderam afastar os césares e a todos os perseguidores para o deserto da derrota; mas antes tiveram que batizar com seu sangue a juba dos leões do circo e das arenas ardentes onde combateram com os imperadores.
A Igreja continua e continuará fazendo sua peregrinação através de um caminho de espadas.
A mão dos fortes se abrirá para afogá-la, como desejaram os primeiros perseguidores e será necessário que minuto a minuto se repita o encontro e que corações, espíritos, corpos e consciência padeçam as torções de dor e as angústias e as fadigas da luta.
Um dia será sob o golpe do aço que corta a carne de homens inermes; outras vezes sob o golpe da caneta, do pensamento e das palavras; mas, minuto a minuto terá que repetir, terá que se renovar forte, profunda e viva, a batalha de todos os dias, de cada instante, de todos os momentos.
E minuto a minuto será preciso que Deus contribua, é certo, com a força de seu braço; mas minuto a minuto será também preciso, será indispensável, será imprescindível, que cada católico contribua com sua ajuda de dor, de fadiga, de sangue, para alcançar a vitória.
E apesar de nossas covardias, desorientação, medo e preguiça, o preço da vitória de Deus por meio dos homens – ali está a história para comprová-lo – tem sido e será sempre angustia, fadiga, imolação da carne, do espírito e da vida.
De tal maneira que se os católicos não aceitem, não dêem o tributo da amargura, de luta que devemos dar todos, a vitória não virá.
Nada tem custado tanto até agora aos homens e aos povos como a vitória, porque a vitória é o que mais custa de tudo!
Nós temos querido conquistá-la ao preço de nossa covardia e de nossa inércia.
Por isto ela não veio. Teremos que comprá-la. Para conquistá-la teremos que pagar integralmente seu preço de dor, de sangue ou pelo menos de cansaço e esforço.
Nós estamos posicionados muito claramente diante dessa duas opções: ou pagamos plenamente o preço da vitória e logremos tê-la em nossas mãos; ou nos negamos, como agora, a pagar o preço total e então deveremos pensar que estamos condenados a levar para sempre a algema e o sinal desonroso dos derrotados.
Paguemos o preço da vitória!
Hoje com um débil esforço e com sacrifício insignificante.
Amanhã, diante do potro[1] [instrumento de tortura] e com o corpo ensangüentado.
A vitória não tardará!
[1] Potro é um antigo instrumento de tortura. Era uma espécie de cavalo de madeira em cima do qual o torturado era colocado, sendo os seus membros atados a um torno, que uma vez acionado, retesava as cordas e deslocava os membros da vítima. (Wikipédia)
FLORES, Anacleto González. Obras de Anacleto González Flores. Guadalajara: Ayundamento, 2005. 322-324 p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário